New Dance Order é divisor de águas na cena eletrônica nacional
PALCO ELETRÔNICO DO ROCK IN RIO LEVOU A E-MUSIC NACIONAL A UM OUTRO PATAMAR
Não é de hoje que a gente vem falando sobre o crescimento da música eletrônica nacional e como isso se reflete em, além de mais apresentações para os DJs, também em palcos voltados para o gênero cada vez maiores nos festivais musicais como Rock in Rio e outros mas, essa última edição do Rock in Rio, ao que tudo indica, foi realmente um divisor de águas para a dance music nacional, com o palco New Dance Order, que teve 12 horas de duração e quase o dobro de atrações em relação a última edição do festival como falamos aqui, além de uma mega estrutura de som, luz e imagem, tendo ainda grande destaque na mídia tradicional e televisiva, além claro, de o DJ Alok ter aberto o primeiro dia do festival no palco principal, em uma apresentação de grande sucesso e que já lhe garantiu presença na próxima edição do evento.
O canal Bis por exemplo, do grupo Globo, fez uma ampla cobertura do palco New Dance Order na TV e suas redes sociais, além de no mês passado ter também estreado um programa chamado “Quando elas tocam”, em que cada episódio uma DJane brasileira é entrevistada e claro, toca! O programa já contou com as DJanes Marina Dias, Tamy Reis, Carol Emmerick, Groove Delight, Lilly Scott e Eli Iwasa.
Um acontecimento que merece (muito) destaque foi o fato de neste ano, o palco eletrônico no RIR ter tido inclusive um dia de Trance, e não apenas Uplifting Trance e Progressive, mas também e principalmente Psy Trance com apresentações de nomes como Vini Vici, Infected Mushroom, Vegas, Wrecked Machines entre outros! Percebem a importância histórica de tudo o que a cena eletrônica brasileira está vivendo? Nós temos hoje, DJs famosos não só no Brasil, mas também no mundo como Alok, Vintage Culture e outros, enquanto o Psy Trance, vertente até hoje relegada desses grandes festivais de Rock, é hoje também inclusa na programação e com transmissão em rede nacional de televisão, o Trance chegou na TV bebê!
Você pode se ater a questões nesse caso certamente menos importantes e ficar repetindo coisas como “Fulano não toca Psy Trance, isso não é Psy”, “Techno BR é qualquer coisa menos Techno”, “Isso não é House muito menos Deep House”, o que aliás muitas vezes é totalmente fundamentado mas, o mais importante de fato e que não se pode deixar passar é que, esses caras que fazem “qualquer coisa menos Trance, Techno ou House”, apesar de lançarem suas tracks como tal, por fazerem normalmente músicas mais comerciais que realmente fogem ao gênero em questão, é que vão fazer muita gente conhecer o verdadeiro Trance, Techno ou House que você julga tocar e/ou fazer.
Eu não falo isso de hoje, inclusive desde quando ainda escrevia para outras mídias antes da Emusic4All, e isso vale para todas as vertentes mais conceituais e undergrounds da música eletrônica, seja House, Techno, Trance ou qualquer outra, os artistas e eventos que trabalham com músicas mais comerciais dessas vertentes (ou algo parecido com elas), são aqueles que justamente trazem mais pessoas para, posteriormente, conhecerem e gostarem ou não do seu verdadeiro House, Techno ou Trance. O amante da EDM hoje é um possível e grande candidato a amante do House, Techno ou Trance amanhã, ou de qualquer outro gênero menos mainstream (EDM aliás que o David Guetta há anos atrás havia declarado sua morte, mas parece seguir ainda convalescente, nas últimas, parecendo não durar muito mais e em breve partir de fato dessa para uma melhor).
Vale ainda lembrar, que o DJ Alok veio do Trance, sendo filho dos DJs Ekanta e Swarup, fundadores do maior e mais antigo festival de música eletrônica do País, o Universo Paralello, tendo tido inclusive um Live de Trance com seu irmão Bhaskar, o Logica, no início da carreira como produtor musical, e hoje é, goste você ou não das músicas dele, o DJ mais famoso do Brasil, trilhando um caminho bem parecido com o que fez por exemplo o David Guetta, que no início da carreira tocava e produzia House e até Techno e, o Alok, assim como o Guetta, foi indo cada vez mais em direção ao Pop com cada vez mais collabs com artistas de gêneros populares como sertanejo e funk, incluindo uma parceria com Anitta anunciada para maio deste ano mas que parece ainda não ter se concretizado de fato.
Não importa se você gosta ou não do som dos caras mais comerciais como o Alok ou seja quem e de qual estilo for, particularmente em geral também não é o meu gosto mas, é importante reconhecer a contribuição desses para o amadurecimento, profissionalização, crescimento da cena e principalmente, saber aproveitar toda a visibilidade que eles trazem para a música eletrônica, fazendo cada vez mais pessoas conhecerem, se aprofundando também cada vez mais nas diversas vertentes e estilos e o que, invariavelmente fará com que muitos desses em algum momento passem a frequentar a sua festa underground ou procurar por músicas conceituais chegando até o seu som.
Pense bem, quantos dos artistas que você admira, que tem algum reconhecimento pelo seu trabalho e que fazem qualquer tipo de música menos comercial, você já viu perderem seu tempo para criticar o trabalho de outro artista, por ser diferente do seu, ou um estilo que não lhe agrade? Isso obviamente tem um motivo de ser e, esses caras, pra chegarem aonde chegaram, foi com trabalho árduo, fazendo os seus, sem se importar ou muito menos perder tempo criticando os demais, afinal de contas essa disputa infantil entre mainstream e underground nunca levou ninguém ou a cena a lugar algum.
Até a próxima!