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O mestre Gabe teria sido preso em evento em Rio das Ostras, RJ
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O mestre Gabe teria sido preso em evento em Rio das Ostras, RJ

OPERAÇÃO EM BOATE DISPÕE DE NOTÍCIAS E INFORMAÇÕES POUCO ESCLARECEDORAS ATÉ O MOMENTO

No último sábado, o DJ Gabe, verdadeira lenda da e-music nacional – responsável por levar o Psy Trance brazuca para o mundo nos primórdios do estilo no país com seus projetos Wrecked Machines, Growling Machines (seu projeto com Riktam do GMS – R.I.P Bansi) e posteriormente em carreira solo como Gabe – teria sido preso durante evento em Rio das Ostras, em que era a atração principal da festa.

Notícias até o momento pouco esclarecedoras ou até mesmo possivelmente desconexas da realidade, deram informações desencontradas como, por exemplo, que o DJ teria sido preso por tráfico e saído algemado, ou ainda que teria sido levado apenas pra depor. Alguns sites inicialmente diziam que 12 pessoas foram presas, outros que foram apenas 5 pessoas, que o DJ seria produtor do evento (acho muito improvável mas ainda não pude confirmar), entre outras informações ainda não apuradas.

Segundo o site G1, que me pareceu a fonte mais confiável até o momento, Gabe fora preso em flagrante com mais quatro pessoas por tráfico de drogas, na boate La Playa em Rio das Ostras, Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Aparentemente, as demais pessoas conduzidas até a delegacia foram liberadas, e conforme informou o delegado responsável pela operação, flagrou-se no local a venda de drogas como ecstasy, maconha, cocaína e loló.

A polícia teria ainda fechado a boate e pedido a cassação do alvará do estabelecimento. O delegado também informou que o DJ e seu assistente estavam com ecstasy, maconha, cocaína e frascos com medicamentos.

Além do vídeo abaixo e informações muitas vezes desencontradas na internet, isso é resumidamente o que se sabe até o momento. Enquanto aguardamos ansiosamente por maiores detalhes, desejamos força e que o Gabe saia dessa, eu gostaria de fazer uma reflexão sobre uma questão muito mais ampla que permeia esse ocorrido.

Essa semana mesmo eu compartilhava no meu perfil pessoal do Facebook a notícia de um (fanfarrão) delegado/deputado – não lembro da onde e não tem relevância esta questão (inclusive o mesmo já tirou o post de sua página, provavelmente com vergonha após as críticas) – que se vangloriava de ter realizado o “grande feito” de prender, pasmem, três pessoas em uma praça de sua cidade por estarem fumando maconha. Sim, um baseado era tudo o que eles tinham.

Você pode ser um caretão conservador que enquanto bebe sua cerveja, fuma seu cigarro e toma seu Rivotril, diz e acha coisas como “usuários financiam o tráfico de drogas”, ignorando que o tráfico só é possível no mundo inteiro graças ao proibicionismo conservador e hipócrita de Estados que se julgam no direito de intervir no livre arbítrio de cidadãos adultos que decidem o que fazer com suas vidas e saúdes. Principalmente, que é possível graças aos grandes traficantes com conexões diretas – e que muitas vezes exercem cargos – nas assembléias legislativas, câmaras de vereadores e deputados, congressos nacionais, forças armadas, policias e demais instituições que são, ou pelo menos deveriam ser, “representantes da lei”. Mas concorde você ou não, a lei desse Estado aqui, o Brasil, distingue usuário de traficante. Ou pelo menos deveria. 

A Lei 11.343, conhecida como Lei de Drogas, que completou 10 anos (de total fracasso) em 2016 diz que:

“Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente”

Pois bem, não precisa ser jurista, mas apenas bom interpretador de texto, para identificar logo a imensa falha na lei, que parece ter sido feita por pessoas que não só não entendem nada de drogas como também de direito. Mas fato é que, a subjetividade da lei em distinguir usuários de traficantes, deixando a cargo do juiz decidir se a “natureza e à quantidade da substância apreendida” configuram tráfico ou uso próprio, faz com que a nossa população carcerária aumente vertiginosamente com centenas de milhares de usuários presos como traficantes (principalmente quando são usuários negros e de baixa renda).

Voltando então ao lamentável ocorrido com o DJ Gabe, alguém acha que um artista do seu gabarito e de reconhecimento internacional, precisaria de fato recorrer ao submundo do tráfico de drogas? Ou que esse parece apenas mais um caso de juízo de valor completamente equivocado não só da nossa tão despreparada polícia, como da igualmente ineficiente justiça do País?

Seriam esses sinais dos novos tempos, de conservadorismo, repressão, proibicionismo, perseguição e criminalização da arte e cultura, e até mesmo perseguição de usuários de drogas, adultos que não deveriam interessar ao Estado o por que decidiram correr o risco de fazer mal às suas saúdes através do uso de substâncias potencialmente danosas? 

Não sabemos ainda, mas seguiremos buscando por mais informações e torcendo para que a justiça seja feita. Não só nesse, como em todos os outros casos de supostos “traficantes de drogas”.

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