Festa clandestina de ex-participante da ‘Fazenda” é interrompida pela polícia no Rio

O EVENTO PRODUZIDO POR JORGE SOUZA JÁ HAVIA SIDO IMPEDIDO DE SER REALIZADO PELA PREFEITURA EM JUNHO

No mesmo final de semana em que a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que não entrará na segunda fase de flexibilização, os bares, praias e centros da cidade encontravam-se lotados, além de eventos clandestinos com aglomeração, como foi o caso da festa Night and Day Resistência, que ocorria em Vargem Grande. O evento possuía grande estrutura com telão, palco, efeitos e iluminação de última geração, além de efeitos pirofágicos e até copo oficial com o nome do evento.

A festa, que vem acontecendo recorrentemente em diferentes locais na zona oeste da cidade como Guaratiba e Vargem Grande, mesmo após inicialmente ter sido impedida de ser realizada ainda em junho pela prefeitura do Rio, como falamos aqui, e tendo mudado então após o ocorrido o nome de Resistance para Resistência, comemorava no último final de semana o aniversário do produtor do evento, Jorge Souza, ex-participante da ‘Fazenda’ e marido da atriz e DJ Laura Keller. Laura, no entanto, não costuma figurar no line-up dos eventos clandestinos produzidos por seu marido e nem mesmo no seu aniversário, se apresentando normalmente apenas no evento oficial da família, Original Party.

Segundo a divulgação feita em grupos de WhatsApp a festa iria durar toda a noite de sábado e encerrar no domingo à tarde, o que foi impedido pela PM que interrompeu o evento na manhã de domingo. Vizinhos afirmam que ligaram para a polícia e que eles foram ao local por volta das 2 da manhã, que após isso o evento continuou, sendo encerrado apenas na manhã. Segundo a PM, o Batalhão do Recreio dos Bandeirantes foi acionado por vizinhos ao local que ocorria o evento. Ao constatar a realização da festa. “Os policiais orientaram o responsável a encerrar o evento, o que ocorreu de forma pacífica”, informou a corporação por meio de nota.

Polícia acaba com rave de ex-peão da ‘Fazenda’, Jorge Sousa pic.twitter.com/Gfmg9bW0O1

— Fábia Oliveira (@OliveiraFabia_) August 18, 2020

Enquanto a festa com aglomeração era finalmente encerrada pela polícia na manhã de domingo, profissionais do setor de entretenimento, que de fato é o que mais sofreu e sofre com essa pandemia, sendo o primeiro setor a parar e sabidamente o último que irá voltar ao seu funcionamento normal, fizeram uma manifestação na orla de Copacabana pedindo a liberação da realização de eventos musicais, reunindo produtores, roadies, técnicos de som, camareiros e seguranças, que são alguns dos profissionais ainda mais afetados da área de eventos.

– Nos disponibilizamos a, com a nossa experiência de trabalho, ajudar a prefeitura a elaborar um protocolo para o retorno gradual e com segurança dos eventos ao ar livre. Nossa classe foi a primeira a parar e será a última a retomar suas atividades. Os profissionais do entretenimento estão há cinco meses sem receita, passando necessidade, precisam voltar a trabalhar – afirmou o produtor Leandro de Souza, um dos organizadores do evento, ao G1.

O ex-secretário estadual de Cultura e grandes eventos Ruan Lira também participou da manifestação e diz ser “a favor da liberação dos eventos ao ar livre, respeitando os protocolos de segurança”:

– É possível fazer como na Europa, por exemplo, onde estão fazendo demarcações de espaço para um determinado grupo de pessoas, além de exigindo o uso de máscara e álcool gel. O setor de eventos gera muitos empregos formais e informais, movimenta o comércio local. É essencial para a economia da cidade e precisa retornar.

A prefeitura anunciou que não entraria em uma nova fase de flexibilização e o Rio está na fase 5, que autoriza a realização de eventos corporativos na cidade, mas mantém cinemas, teatros e casa de eventos fechados por mais 15 dias. A decisão, comunicada pelo prefeito Marcelo Crivella foi tomada com base no comitê científico da prefeitura, que leva em consideração os indicadores básicos, como ocupação de leitos e variação de notificação e casos de pessoas com covid-19.

Pontos turísticos foram reabertos, bem depois do que era previsto inicialmente. Na Capital, foi liberada a abertura de shoppings centers, igrejas, academias, comércios, bares e restaurantes com restrições e como novas regras sanitárias para o funcionamento. Atividades físicas nas praias do Rio também são permitidas. Contudo, ainda segue proibida a permanência de banhistas na areia.

A cidade registrou 162 mortes e 4.829 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas e o estado contabilizou até agora 14.728 mortes em decorrência do coronavírus — 8.931 delas ocorreram na capital, segundo boletim divulgado pelo governo estadual. Em meio a essa pandemia e o descaso do pode público em todos o âmbitos neste momento, a realização de eventos com aglomeração é acima de tudo um crime contra a saúde pública, pois os envolvidos nesses eventos, público, produção e staff, acabam se tornando enormes vetores de transmissão do vírus, contribuindo para o agravamento da pandemia no Pais.

O Brasil registra a média de mortos em torno de 1.000 pessoas por dias há mais de 2 meses, registrando 1.352 mortos por covid19 nas últimas 24 horas e está em segundo lugar no ranking de países mais afetados pelo novo coronavirus, registrando mais de 3 milhões de casos oficiais e mais de 100 mil mortes.

Nós da Emusic4All, assim como todos os profissionais do setor de entretenimento, estamos sofrendo profundamente com o impacto econômico desta pandemia, logo, entendemos perfeitamente e enfrentamos as mesmas dificuldades que todos do setor, porém devemos priorizar a saúde e a vida de todos na sociedade, ser fortes, responsáveis e a verdadeira resistência, ficando em casa sempre que possível ou frequentando espaços e eventos que respeitem as regras de distanciamento social nesse momento tão complicado e que realmente coloca a saúde de todos em risco.