Festas clandestinas não são exclusividades brasileiras e acontecem também mundo afora
FRANÇA, ESTADOS UNIDOS, ITÁLIA, TUNÍSIA, ATÉ MESMO A CHINA E CLARO, O BRASIL, VEM TENDO RECORRENTES EVENTOS DE MÚSICA ELETRÔNICA COM AGLOMERAÇÕES EM PLENA PANDEMIA
Foto meramente ilustrativa por Cassio Tiago
Como é de amplo conhecimento, devido à pandemia da COVID-19 muitos clubes ao redor do mundo ainda continuam de portas fechadas, assim como grandes eventos com aglomerações seguem proibidos e, os poucos eventos que acontecem de forma legal, acontecem (ou pelo menos deveriam acontecer) seguindo todas as regras sanitárias e de prevenção ao coronavírus, como a obrigatoriedade do uso de álcool em gel, máscara e distanciamento social.
Desde o início da pandemia noticiamos aqui na Emusic4All tanto sobre os eventos ou clubes sem funcionar, ou funcionando com restrições, bem como e infelizmente sobre os eventos clandestinos que aconteciam principalmente no Brasil e também no mundo.
Na capital francesa Paris, alguns organizadores voltaram a fazer as famosas festas clandestinas, ausentes desde 1990 na cidade. Os encontros acontecem dentro de armazéns abandonados mas, segundo a produção, com restrição de público, uso de máscara e álcool em gel, com o local e a hora a serem anunciados no último minuto para despistar as autoridades.
Os produtores afirmam que todos os participantes são incitados a ter um comportamento responsável. Uma das organizadoras do evento, Geutto Blaster One, diz que todos são incentivados a cuidar de si e dos outros à volta: “A atitude é de solidariedade, todos tomam conta de todos.”. Sabe-se porém, que eventos como esses tornam-se invariavelmente vetores de transmissão do coronavírus, retardando cada vez mais a saída da quarentena e prejudicando assim a todos.
Lozère que é uma região menos populosa da França também foi sede de um evento clandestino que acontecia desde a noite de sábado (8), reunindo aproximadamente 10.000 pessoas, até acabar com a chegada da polícia no domingo (9). A festa aconteceu numa montanha dentro do Parque Nacional de Cévennes, com entornos pouco populosos e que até agora tiveram poucos casos de Covid-19.
Os habitantes da região ficaram enfurecidos com a multidão que, além de colocá-los em risco em relação à doença, destruiu ainda pastos e campos de plantação. A prefeita da cidade, Valerie Hatsch, afirmou que os moradores levam a Covid muito a sério e respeitaram as medidas de prevenção desde o início. “Esse fluxo maciço de pessoas desafiando todas as regras nos deixou profundamente chocados”, completou ela.
Vidéo prise ce dimanche 9 août à l’intérieur de la rave-party à Hures-la-Parade, en #Lozère
Les teuffeurs commencent à quitter les lieux. 4 500 festivaliers sont encore présents
(Crédits : Alain Pouget) pic.twitter.com/SfhkxoEGBA
— France Bleu Gard Lozère (@bleugardlozere) August 10, 2020
No último final de semana (22 e 23) em Mojave, CA nos Estados Unidos, onde aconteceria o Burning Man cancelado este ano, um grupo organizou um evento clandestino chamado ReUnite. A festa teria sido organizada por Rick Silver, contando com uma série de DJs no deserto, sem distanciamento social ou qualquer tipo de prevenção, e o evento ainda teria tentado se associar ao movimento BLM (Black Lives Matter), sem claro, qualquer conexão com a realidade dos fatos.
i know most of these ppl on the lineup. they will never be booked at space yacht. is it true someone died on a fentanyl OD and everyone kept going? did u really use “BLM protest” to clear the permit? DOES THIS LOOK LIKE A BLM PROTEST? ISNT THAT ENTIRE LINEUP PRETTY WHITE BOYS? https://t.co/atUdCqEoQE pic.twitter.com/XggPo7HgPP
— Pizza Papi (@hiddenhen) August 24, 2020
If you’re throwing, going to, or djing underground parties rn, unfollow me. Thanx ✌🏼 pic.twitter.com/qAXUUFCsrG
— Bitchie Hawtin (@VNSSAofficial) August 23, 2020
Video 1 pic.twitter.com/afIeQm9qst
— zachtivist (@zachscottjaffe) August 23, 2020
A Itália voltou recentemente a ter mais de 1000 novos casos diários, o que não acontecia desde maio e muito disso tem sido creditado à vida noturna no país que, segundo a Mixmag, não surpreende pois haveriam registros de festas e raves em diversas cidades da Itália, inclusive com grandes artistas como Tale Of Us, mostrando pessoas ignorando completamente o distanciamento social, sem máscaras ou qualquer proteção contra a contaminação.
Tale Of Us
August 9th 2020
Riccione (Italy) pic.twitter.com/HjBHWTWvA0— Business Teshno (@businessteshno) August 15, 2020
Dixon também sem apresentou na Tunísia, enquanto a situação do país era crítica.
Dixon
August 13th 2020
Hammamet Sud (Tunisia) pic.twitter.com/8KK9mXOIhs— Business Teshno (@businessteshno) August 25, 2020
— Business Teshno (@businessteshno) August 25, 2020
Aqui no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro como falamos aqui, no último dia 15 de agosto foi realizado mais uma edição da festa ironicamente chamada Resistência, interrompida pela polícia na manhã seguinte. O evento vinha acontecendo recorrentemente durante toda a pandemia, mesmo após ter sido impedido pela prefeitura em uma de suas primeiras edições.
O produtor do evento, Jorge Souza, ex-participante de reality shows como ‘A Fazenda’ e ‘Power Couple’, também pré-candidato a vereador, não satisfeito com toda sua contribuição nos últimos meses para aumentar e prolongar a curva de contágio na cidade, defendeu em seu Instagram o isolamento vertical (comprovadamente ineficaz), usando ainda como exemplo ônibus e metrôs lotados por pessoas que de fato precisam trabalhar e infelizmente precisam enfrentar o transporte público que sim, funciona lotado por puro descaso das autoridades.
Jorge afirmou ainda que seus colaboradores estavam há 5 meses sem trabalhar, mesmo ele tendo realizado este e outros eventos clandestinos repetidamente e quase todos os finais de semana desde o início da pandemia.
Também nos últimos dias 15 e 16 de agosto em Wuhan, o berço da pandemia do coronavírus, aconteceu uma festa em um parque aquático com milhares de pessoas, gerando revolta nas redes após divulgação de fotos com o público aglomerado. Após ser submetida a uma quarentena rigorosa de 76 dias de janeiro até abril, Wuhan foi gradativamente retirando as restrições e voltou à normalidade (ao que tudo indica, até demais). Segundo a imprensa local o parque aquático teria reaberto em junho com capacidade limitada a 50%, mas não é o que parece nas fotos divulgadas.
Percebam que todos esses eventos no Brasil e no mundo tem uma coisa em comum, são festas de música eletrônica, que inclusive temos evitado chamar de raves atualmente para justamente não estigmatizar nossa cena que já sofre tanto preconceito da sociedade, mas são sim, todas raves, e a pergunta que fica é:
Essa é a imagem que a cena eletrônica quer mesmo passar para o mundo, a de pessoas sem consciência e empatia, que apenas querem lucrar ou se acabar de dançar enquanto morrem milhares de pessoas todos os dias a sua volta?
Comments 1
França passa a permitir eventos sociais de até 5 mil pessoas – Emusic4All
set 10, 2020[…] Festas clandestinas não são exclusividades brasileiras e acontecem também mundo afora […]