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Shows, festas e eventos voltam a ser permitidos gradativamente no Brasil
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Shows, festas e eventos voltam a ser permitidos gradativamente no Brasil

FALTA DE CONSCIÊNCIA DA POPULAÇÃO E INEFICIÊNCIA DO PODER PÚBLICO EM FISCALIZAR PREOCUPA

Foto: Aditya Chinchure/Unsplash

Eventos culturais voltam a ser autorizados gradativamente no país, como a gente falou aqui. Após São Paulo e Santa Catarina anunciarem medidas de flexibilização, no final da última semana a prefeitura do Rio de Janeiro também anunciou a fase 6 do plano de retomada de atividades econômicas, liberando os eventos inclusive em locais fechados, respeitando-se as regras sanitárias e de distanciamento social vigentes.

As novas exigências para a realização de eventos incluem obrigatoriedade de lugares marcados, vendas de ingressos pela internet, limitação da capacidade e público, exigência do uso de máscaras entre outras coisas e, o respeito às regras justamente preocupa por, além de toda a já conhecida ineficiência na fiscalização do poder público, a também falta de consciência da população, que vem fazendo aglomerações, lotando praias e festas clandestinas desde o início da pandemia.


Praia lotada no Rio de Janeiro durante a pandemia. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O setor de entretenimento foi, sem dúvida, o que mais sofreu economicamente com a COVID-19, como viemos falando aqui, com muitas empresas e estabelecimentos do setor fechando as portas em todo o mundo, grandes eventos só com data para acontecer a partir de 2021 e alguns só em 2022, deixando milhões de profissionais sem seu sustento, a depender de ajuda governamental que, no Brasil, além do baixo valor ainda teve redução.

A retomada dos eventos em algumas partes do país torna-se então um alívio para os profissionais da área que podem voltar a trabalhar, mas o que preocupa é de fato a fiscalização das normas e o cumprimento das mesmas. Neste ano totalmente atípico e desafiador para a humanidade, surgiram alguns novos formatos de eventos, como festas e shows em drive in, ou com divisórias e demarcações mantendo o distanciamento social dos participantes. Apenas eventos como estes foram feitos de forma legalizada no Brasil desde o início da pandemia mas, infelizmente, não foram formatos que tiveram grande aceitação das produtoras de eventos à nível nacional e o que se viu foi, ao contrário da proliferação destes eventos legais, uma quantidade enorme de festas clandestinas se proliferarem e acontecerem todos os finais de semana com aglomeração e sem nenhum tipo de cuidado para a não proliferação do coronavírus.

Como temos falado recorrentemente aqui na 4All, a maior parte dessas festas clandestinas, que aconteceram e acontecem no país e em todo o mundo são infelizmente raves. Enquanto praticamente todas as outras cenas musicais ficaram totalmente paradas nesse período, restritas às lives e shows em Drive-in, a cena eletrônica seguiu dando o que falar negativamente, e a pergunta que todos devemos fazer é se essa é a imagem que queremos passar enquanto cena, a de pessoas sem consciência e totalmente inconsequentes.

Grandes DJs de todo o mundo, inclusive do Brasil, se viram envolvidos em meio à polêmicas por se apresentarem em eventos com aglomeração durante a pandemia. O fato é que eventos e qualquer tipo de aglomeração realizados nesse período sem as devidas precauções, ilegais ou não, foram e são uns dos maiores motivos pelos quais a curva de contágio demorou tanto a descer, como aqui no Brasil por exemplo, e essas aglomerações, além de prejudicarem todo o coletivo aumentando a disseminação do vírus, são um grande tiro no pé da própria cena eletrônica pois, justamente, prolongam muito mais a duração da necessidade de restrições, impedindo que voltemos mais rápido à normalidade e que possamos exercer nossos trabalhos como gostaríamos.


Profissionais de eventos protestam pela retomada dos mesmos em Belo Horizonte no último final de semana. Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press&nbsp

Por outro lado também, ao menos no Brasil, a hipocrisia dos governantes em proibir os eventos, discursar a favor do distanciamento social e medidas de restrição enquanto realizam mega eventos partidários com aglomerações e convocam o cidadão a trabalhar nas eleições, vem gerando ainda mais descontentamento na população e servindo, claro, de arsenal sofista para aqueles que nessa pandemia tem se preocupando mais em alimentar seus egos e bolsos, do que se preocupar com a saúde pública e o coletivo.


Evento partidário. Foto: Primeiro Jornal

É preciso então, com essa retomada gradual das atividades econômicas e flexibilização das medidas de restrição, que tanto público quanto realizadores entendam que a única forma minimamente segura de se realizar eventos nesse momento é seguindo todas as regras sanitárias impostas no combate ao coronavírus como, a obrigatoriedade do uso de máscaras, espaços divididos respeitando-se o distanciamento social, uso de álcool em gel, entre outras medidas que, se não seguidas, irão cada vez mais atrasar a nossa tão sonhada volta à normalidade.

“Eu os respeitaria mais se eles na verdade fossem conspiracionistas (acredito que este vírus é real e 5g não cozinha pardais) e tivessem uma posição estúpida, mas isso é apenas sobre seu ego e seu lucro.” – Dave Clark.

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