O FIM LAMENTÁVEL DE UM ÍCONE DA DANCE MUSIC MUNDIAL
A morte de uma celebridade sempre gera comoção, tanto positiva como negativa, mas a morte de Erick Morillo gerou toda uma discussão sobre machismo e cultura do estupro, após o processo por agressão sexual que o DJ respondia ainda em vida e que, com base nas evidências, tinha como muito provável a sua condenação. Para completar, após a sua morte mais vítimas vieram a público revelar que também sofreram abuso de Morillo.
O então ícone da House Music foi encontrado morto aos 49 anos, em circunstâncias que até o momento apontam para um suicídio. Antes de morrer, ele admitiu uma batalha contínua contra as drogas e o álcool. Apesar de ser um dos DJs mais reconhecidos mundialmente e, mesmo com todo o seu carisma e talento, o artista parecia não estar feliz e satisfeito.
Esse Reconhecimento pelas suas contribuições para a dance music, por seu papel como mentor, não muda o fato de que Morillo, antes de sua morte no início deste mês, estava prestes a ser condenado por agressão sexual, ocorrida em Miami em dezembro passado. A princípio ele negou o envolvimento, porém, quando um kit de estupro deu positivo para seu DNA não havia outra opção a não ser entregar-se às autoridades. Ele deveria comparecer ao tribunal na mesma semana em que morreu e, desde então, mais relatos de supostas agressões e má conduta surgiram contra Morillo. Por mais que sua morte seja trágica para todos que o conheceram ou o amaram, as vitimas de seu comportamento, além do trauma que irão carregar por conta da agressão sofrida não terão justiça, ao menos a dos homens.
Em matéria da Mixmag, por Annabel Ross, mais pessoas apresentaram acusações contra o DJ por má conduta sexual e agressão e, entre esses relatos de agressões e má conduta, uma das vítimas, de nome fictício Jasmine, afirmou que só após a acusação pública de Morillo que o levou aos tribunais, que ela percebeu o que havia acontecido com ela.
“Fiquei muito triste porque pensei, ‘Oh meu Deus, talvez ele tenha sentido que poderia se safar porque tinha se safado comigo’”, afirmou Jasmine, completando: “Eu me senti tão, tão mal e como se eu devesse ter feito algo mais.”
Outros relatos incluem uma mulher que diz que Morillo a agrediu em seu carro nos anos 90, uma mulher que trabalhou com Morillo nos anos 2000 e que diz ter sofrido abuso verbal e emocional, além de dois homens que afirmam ter testemunhado uma conduta sexual imprópria ou conhecido mulheres que afirmavam ter sido agredidas por Morillo.
A imensa e assustadora demonstração de solidariedade e tributos ao artista foi predominantemente masculina, a maioria citando seu passado “conturbado” enquanto convenientemente se esquecia das vítimas de seus crimes. Alguns dos maiores DJs do mundo fizeram declarações inadvertidamente defendendo suas ações e comportamentos, admitindo que sabiam do modo que ele se portava, relativizando os abusos com afirmações como ‘Mas ele sempre foi um gentil comigo’. Houve também quem ainda justificasse suas atitudes com ‘Ele não é perfeito, mas…’ – tentativas de distanciar seu comportamento de sua personalidade, uma solidariedade que infelizmente não foi concedida às suas vítimas.
