Festas clandestinas, clube virtual e pressão para a retomada dos eventos na cena eletrônica alemã

CLUB QUARANTÄNE REUNIU MAIS DE 40 MIL PESSOAS NA PRIMEIRA TRANSMISSÃO AO VIVO

A cena eletrônica alemã, principalmente na capital Berlim, busca como em todo o mundo soluções para garantir a sobrevida na pandemia do coronavírus. Uma dessas iniciativas foi o lançamento de um clube virtual simulando de forma online um clube berlinense da maneira mais fiel possível, segundo o idealizador Carlo Luis Ruben Schenk, um promoter da capital alemã que percebeu na Internet uma maneira de manter viva a cena noturna da cidade, que sofreu um duro impacto durante a pandemia.

A transmissão de estréia do Club Quarantäne contou com a participação de cerca de 40 mil pessoas assistindo e se transformou em uma espécie de “santuário digital” para os fãs de música eletrônica sem acesso efetivo a um clube. O espaço virtual conta com uma pista de dança com vídeos em 360 graus e efeitos visuais futuristas, tendo até mesmo uma fila virtual para entrar no clube, com seguranças e tudo.

O projeto foi realizado com o apoio da indústria de videogames e já recebeu três eventos, com alguns chegando a 40 horas de duração, e um total de 700 mil visitantes até o momento, segundo Carlo. O clube tem entrada gratuita, com a possibilidade de fazer doações em um bar virtual, que já arrecadou 14 mil euros para instituições de caridade alemãs.

“Não queremos fazer algo que apenas preencha uma lacuna até que a Covid termine. Queremos criar novas formas de tocar música via Internet. Não deve substituir a música ao vivo, mas deve ser uma forma séria de compartilhar a arte musical”, afirmou o promoter.

Como falamos aqui, a Alemanha, assim como o Brasil, França, EUA e muitos outros países sofreram com a realização de festas clandestinas que, ao provocarem aglomerações sem as devidas precauções e regras de distanciamento social, tornaram-se vetores de transmissão do coronavírus fazendo o número dos infectados aumentarem.

Na capital alemã, Berlim, os 12 prefeitos distritais foram convocados pelo governo local para buscar espaços ao ar livre adequados para hospedar eventos em meio à pandemia, uma ação que especula-se ter sido tomada em resposta ao aumento de festas ilegais ao ar livre na cidade. Foi solicitado aos prefeitos que considerem parques, ruas e pavilhões esportivos que podem ser adequados para tais eventos, em uma tentativa de retomar a outrora tão agitada vida noturna da cidade.

“Berlim sente falta de seu cenário diversificado de clubes”, afirmou a ministra da economia da cidade, Ramona Pop, ao Berliner Morgenpost. “Clubes e bares estão sofrendo economicamente durante a crise do corona. Queremos criar oportunidades legais para festas em áreas públicas, para os clubes e berlinenses.”

No início de agosto foi lançado em Berlim o Closecontact, um aplicativo de rastreamento de contatos idealizado por clubes da cidade, para permitir que os locais registrem visitantes temporariamente. Antes de frequentar os clubes, os visitantes devem ir ao site do aplicativo e fornecer seus dados de contato para receber um passe pessoal na forma de um QR Code, escaneado na entrada dos clubes, com detalhes do contato criptografados e de acordo com as diretrizes de saúde e segurança do governo alemão.

Sobre os clubes, a Closecontact afirmou em comunicado: “Em Berlim, alguns setores estão reabrindo, mas nossos clubes continuam praticamente fechados. A vida noturna de Berlim tem um significado histórico e continua a ser uma parte essencial da cultura da cidade. Esses espaços há muito inspiram as pessoas aqui e no exterior, e seu fracasso em voltar seria uma perda monumental cultural e economicamente.”