Kevin Saunderson afirma sentir que dificultam a participação de artistas negros na cena
O PIONEIRO DO TECHNO DE DETROIT CONVERSOU COM A BILLBOARD SOBRE AS DIFERENÇAS NA CENA DOS EUA E EUROPA, CONVERSAS DESDENHOSAS COM EXECUTIVOS, OBJETIVOS PARA A INDÚSTRIA E MAIS
Kevin Saunderson falou sobre sua experiência, influência e perspectiva na indústria da música eletrônica em uma nova entrevista à Billboard, contando desde a época de adolescente no subúrbio de Detroit, em que Saunderson e seus amigos de colégio Derrick May e Juan Atkins (The Belleville Three) desenvolveram o som que seria conhecido como Detroit Techno, com artistas e público majoritariamente negros, traçando um paralelo até a música eletrônica moderna totalmente influenciada por música negra como o House e o Techno, mas hoje dominada por artistas brancos.
O pioneiro do techno de Detroit contou como ele, Juan Atkins, Eddie Fowlkes, Derrick May, Blake Baxter e outros produtores lutaram contra o racismo e consequente isolamento nas rádios R&B nos anos 80, bem como as diferenças nas cenas da música eletrônica dos EUA e da Europa no passado e no presente.
Saunderson também falou sobre o apoio a jovens artistas negros atuais, conversas desdenhosas que ele teve com executivos de empresas, o boom da EDM nos EUA, o que os brancos na cena podem fazer para serem melhores aliados, seus objetivos para a indústria, as gigs e muito mais.
Destacamos a parte em que Saunderson fala sobre o estado atual da cena americana e sua necessidade de destacar mais jovens talentos negros.
“Tem sido frustrante. Vou dizer que melhorou ao longo do ano passado, para mim. Não sei se melhorou em geral. Vou dizer em geral que não, porque não vi nenhum dos jovens produtores que estão chegando.
Não vejo Kyle Hall de Detroit tocando em tantas datas americanas. Não vejo meus filhos (DaMarii e Dantiez, AKA The Saunderson Brothers). Posso colocá-los em shows e colocá-los em alguns shows comigo, mas não quero exagerar nos shows. Quero que o talento brilhe. Você se pergunta: ‘Eles estão fazendo música. Por que um agente não aceita ou não os contratou?’. Eles são o futuro, e você tem outras pessoas como eles aqui. Precisamos da juventude para continuar o movimento.
Eu odeio dizer isso, mas você quase sente como se alguém estivesse basicamente eliminando as chances de artistas e produtores negros participarem e fazerem parte da cena. Então, quando eu saio e morro, e outras pessoas que estão por aí desde o início se foram, quem ficou? Fazemos isso há 35 anos. Se houver talento, eles devem ter a mesma oportunidade ou melhores oportunidades.”
Você pode conferir a entrevista completa clicando aqui, e abaixo uma entrevista de 2019 de Saunderson para a RA Exchange.