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Chanceler do Reino Unido sugere que artistas procurem um novo trabalho
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Chanceler do Reino Unido sugere que artistas procurem um novo trabalho

O PENSAMENTO É TÍPICO DE POLÍTICOS CONSERVADORES, CONSIDERAR A ARTE E CULTURA TRABALHOS DE MENOR IMPORTÂNCIA NA SOCIEDADE

Artistas protestam em Londres. Foto: ITV News

Os profissionais da cultura britânica têm cobrado ao governo um maior apoio ao setor, contando inclusive com uma petição que já recebeu mais de 100 mil assinaturas e deverá ser debatida no parlamento do País. Por outro lado, o chanceler do Reino Unido, Rishi Sunak, sugeriu em entrevista à ITV News, que profissionais da cultura afetados pela pandemia devem se readaptar aos novos tempos e encontrar outros empregos.

Quando a ITV News tweetou a afirmação do chanceler na terça-feira, gerou grande repercussão negativa no setor. Após o alvoroço o canal deletou o tweet afirmando ter sido um engano, e editou a matéria original em seu site, como podem conferir aqui, afirmando que o artigo foi alterado para refletir que os comentários do Chanceler eram sobre o emprego em geral e não especificamente sobre o setor musical ou artístico, porém, pode-se conferir na entrevista que não foi bem assim, e transcrevemos abaixo a parte polêmica.

“É um momento muito triste… Não posso fingir que todos podem fazer exatamente o mesmo trabalho que faziam no início desta crise. E é por isso que colocamos muitos dos nossos recursos extras na tentativa de criar novas oportunidades para as pessoas”, afirmou Sunak, questionado então pelo entrevistador se ele estava realmente dizendo às pessoas do mundo das artes e da música para simplesmente procurarem um novo emprego em um setor diferente, e respondeu: “Essa é uma oportunidade nova para as pessoas. Isso é exatamente o que devemos fazer!” 

O chanceler então completou seus argumentos afirmando: “As coisas podem acontecer exatamente como aconteceram? Não. Todos estão tendo que encontrar maneiras de se adaptar e se ajustar à nova realidade.”

A vice-líder trabalhista britânica Angela Rayner cobrou ao governo maior apoio ao setor cultural, afirmando que “Alguns dos negócios que vão para a parede sob a supervisão do chanceler são negócios viáveis, se não fosse pelas restrições obscuras que estão enfrentando”.

Em artigo para o The Guardian, o vocalista da banda Charlatans, Tim Burgess, afirmou: “Entendemos perfeitamente que todos estão enfrentando dificuldades no momento, mas havia algo improvisado nas palavras de Sunak – as pessoas se sentiram rejeitadas e desvalorizadas. O que Sunak não pareceu levar em consideração foi que músicos e atores trabalharam em outros empregos por anos – como baristas, chefs, roadies, designers gráficos ou bartenders, e em tantos papéis na ironicamente chamada economia de “gig” – para preencher o tempo entre, bem, shows. Quando eu tuítei que muitos músicos e artistas já tinham um segundo emprego, o escritor e jornalista Ravi Somaiya acertou em cheio com sua resposta: ‘Ninguém se lembra de contadores da Renascença.'”

O músico ainda afirmou: “Já passou muito tempo desde os dias inebriantes em que você podia escrever uma música, lançar um álbum e viver da renda de royalties e vendas de discos – hoje em dia você precisaria de mais de mil streams apenas para poder comprar um café (a menos claro que você esteja trabalhando como um barista, caso em que provavelmente você pode apenas fazer um para si); e cada vez mais a música está sendo oferecida gratuitamente para um público que obtém suas músicas de plataformas de streaming. Mesmo antes da pandemia, não parecia bom para nenhum artista que estava começando.”

“A música ao vivo foi o último lugar onde a maioria das bandas ainda poderia ganhar o suficiente para seguir seu sonho. E há seis meses isso desapareceu, sem retorno à vista.”, completou, entre outras observações contundentes sobre o momento que atravessamos, e que você pode conferir no artigo original.

Rishi Sunak é nascido em Southampton, no sudeste da Inglaterra, filho de pais indianos, punjabi e hindus que emigraram da África Oriental, e é Chanceler do Tesouro no governo do primeiro ministro Boris Johnson desde fevereiro de 2020. O membro do Partido Conservador britânico parece acreditar, como é costume entre conservadores, que arte e cultura são setores e um trabalho de menor importância.

Desejamos que todos com pensamentos como este revejam seus conceitos ao, no fim de um dia de trabalho “tradicional”, assistirem sua série, filme ou show preferidos pois, ali estão profissionais trabalhando sério para lhes entreter e fazer, quem sabe, pelo menos naquele momento, com que esqueçamos as mazelas do mundo e de nossa reles existência.

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